Um Leão para tempos difíceis: para que tempo veio Leão XIV
- portalcaxias
- 9 de mai.
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Por Gilvaldo Quinzeiro
A expectativa para escolha do novo Papa foi midiática. Mais de 4 mil jornalistas se postaram à espera do anúncio do nome escolhido. E veio o inesperado: o escolhido foi o Cardeal Robert Francis Prevost. O primeiro Papa nascido nos Estados Unidos, contrariando uma antiga tese entre os vaticanistas, qual seja, a de que os Estados Unidos como a maior potência econômica e militar do mundo, ter um papa seria um assombro! Porém, os tempos são outros. E veio sem dúvida, uma surpresa! Quanto à escolha do seu nome Leão XIV, me causou um grande espanto, porém, como se diz na filosofia, se deve fazer do espanto uma reflexão filosófica. É o que eu estou fazendo. Que o novo Papa seja bem-vindo!
1 – A respeito da escolha do nome, coragem e liderança. Eu diria que, um Leão para cada tempo em que se extrapole as fronteiras territoriais e ideológicas. Foi assim no papado de Leão I (440 – 461) quando o império romano se viu ameaçado pelos Hunos. A cidade de Roma foi poupada graças à intervenção diplomática de Leão I junto à Átila, conhecido como “O Flagelo de Deus”. Sendo o primeiro Papa a receber o título de O Grande. Leão III (795-816)), coroou Carlos Magno como imperador Sacro Império Romano-Germânico, um esforço para trazer de volta o poder e o prestígio da igreja. O papa Leão X (1513 – 1521), foi no seu papado que Lutero foi excomungado, e iniciou-se a Reforma Protestante. O Papa Leão XIII, o quarto papado mais longo (1878-1903); o primeiro papa a ser filmado e ter a sua voz gravada; o papa dos trabalhadores – sua encíclica Rerum Novarum (1891) abordou as condições dos trabalhadores durante a Revolução Industrial num contexto da luta de classe e das ideologias do século XIX. Incentivou o diálogo entre religião e ciência numa época em que predominava o cientificismo.
2 – E quanto ao tempo de Leão XIV quais são os seus sinais e seus contornos? Um tempo marcado , primeiro, pelo aumento da fratura dentro da igreja, fratura esta provocada por inferências de caráter narcísicas , porém revestida por uma inflamada retórica teológica; segundo, pasme, de gente farta de ser gente – terian, é um termo abreviado e informal usados dentro da comunidade otherkin para se referir a pessoas que se identificam como sendo parcialmente ou totalmente animais em um nível de identidade, presente entre os adolescentes. Um Leão para reinar, proteger e disciplinar o animal, que sempre nos habitou, e que agora cansado da hipocrisia e do esgotamento da civilização, nos aflora?
3 – Santo Agostinho. Vamos acentuar dois aspectos agostiniano do novo Papa, a saber, Primeiro. O maniqueísmo, isto é, a visão profunda sobre o bem e o mal para interpretar e lidar com a polarização dos tempos atuais. Ou seja, o difícil momento das feridas abertas pelas polarizações ideológicas. Polarização estas presentes também na disputa geopolítica, com o mundo caminhando para uma possível guerra global. Polarização, é bom que lembremos que também está acontecendo no âmbito geofísico, com a mudança do polo magnético da terra. Coincidência ou não, podemos constatar esse dualismo agostiniano, digamos assim, presente em Robert Francis Prevost, por exemplo, em possuir duas nacionalidades, a norte-americana e a peruana; no seu primeiro pronunciamento na condição de Papa feito em duas línguas, italiano e espanhol. Segundo. A interioridade como caminho. “Não saias de ti; volta para ti mesmo; a verdade habita no interior do homem".
Por fim, deixo um questionamento acerca de como interpretar o significado do gesto do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao divulgar sua própria imagem nas redes sociais com as vestimentas papais? Qual dos dois será o leão a pastorear o mundo real , que se apresenta em carne viva?

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